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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Confronto morno entre presidenciáveis marca 1o debate na TV

ReutersPor Natuza Nery e Carmen Munari
SÃO PAULO (Reuters) - Não foi um fla-flu, como muitos esperavam. O debate inaugural entre os presidenciáveis não teve ataques pessoais entre candidatos.
Houve muita cautela até para discordar do adversário. Confronto mais direto ficou nos temas de economia e saúde, quando os dois principais candidatos deixaram claro quem é governo e que é oposição.
No debate promovido pela Rede Bandeirantes na quinta-feira, a petista Dilma Rousseff, dona da candidatura governista e em primeiro lugar nas recentes pesquisas, foi o alvo preferencial do adversário tucano, José Serra, em segundo na preferência do eleitor.
Todas as suas perguntas se dirigiram a ela. Ele criticou os juros altos, a carga tributária e o aparelhamento do Estado. Também garantiu que vai "estatizar" as empresas que já são do governo no sentido de retirar as nomeações políticas que ele acusa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de praticar. Citou diretamente os Correios.
Dilma criticou qualquer iniciativa de baixar os juros de forma "artificial" e revelou ser contra "spreads bancários elevados", utilizando termo pouco compreensível a uma audiência popular.
"Nós não somos aqueles que falamos que vamos rever contratos", alfinetou a petista, ao mencionar tendência já manifestada por Serra para alguns casos.
A associação da ex-chefe da Casa Civil com o governo foi citada pelos adversários e pela própria petista. No entanto, Dilma citou diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas três vezes, a primeira delas às 23h20, uma hora e 20 minutos após o início do confronto, quando citava o programa Luz para Todos.
Enquanto Dilma buscou se relacionar ao que existe de positivo no Executivo petista, Serra a intitulou como a "ministra forte" do governo ao enumerar o que considera os pontos fracos da gestão do presidente Lula, pontuando a área de infraestrutura.
Dilma estreou o primeiro debate de sua vida política tentando vincular o opositor com o governo Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro, ao comparar números do emprego.
Serra disse não fazer "política com retrovisor", que preferia falar de futuro.
"Acho muito confortável que a gente esqueça o passado. Não é prudente", revidou a ex-ministra, puxando o debate para esse terreno.
Ele evitou a armadilha do "plebiscito" com uma gestão popular, e criticou o apagão em áreas da infraestrutura para criticar a falta de investimento do governo federal em portos, rodovias e aeroportos. Fez isso citando exemplos pontuais de dificuldades em municípios e Estados do país, de modo a se aproximar do eleitor desses locais.
"Hoje andar em estradas federais é um perigo público", enfatizou ele.
A candidata do PV, Marina Silva, adotou um comportamento de neutralidade no confronto da TV. Muitos previam que ela se aliasse a Serra contra Dilma, o que não ocorreu. Ora a candidata do PV inquiria o tucano; ora a ex-colega de partido.
Plinio de Arruda Sampaio, do PSOL, o francoatirador da noite, se autodeclara o candidato contra a desigualdade social. Em dado momento, ele reclamou da polarização do debate entre Dilma e Serra.
"Se vocês dois fizerem o blocão, eu vou fazer bloquinho com a Marina. Eu quero ser perguntado, uai", disse Plinio.
Não poupou nem Marina. Chamou-a de "ecocapitalista." "Ouvindo você falar aqui, dá impressão que você é do PT."
"Aqui eu vejo um bom mocismo, tudo pode ser conciliado"
SAÚDE
Serra insistiu em questionar Dilma sobre a realização pelo governo dos mutirões de cirurgias que implantou quando foi ministro da área.
Ele criticou o fato de o atual governo ter parado com o programa de mutirões preventivos e de cirurgias, entre elas as de catarata e as de próstata.
"O governo (Lula) parou com os mutirões. Isso é uma crueldade", afirmou o tucano.
Dilma respondeu não ser contra esses mutirões, mas afirmou que eles não podiam ser características de um programa mais amplo sobre a saúde. "Considero que temos diferenças de encarar sobre o que precisa ser feito na saúde", afirmou.
O tucano cercou mais Dilma. Questionou a petista sobre programas para portadores de deficiência e a deixou na defensiva.
"O Ministério da Educação quis proibir a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de ensinar. Mais ainda, cortou a ajuda em transporte para que as crianças possam ir à escola."
"Foi o seu governo...Não sei como você, como ministra muito forte, deixou que isso acontecesse."

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