
Na cidade de Cherepovets, nordeste da Rússia, o principal motor da economia local é um centro industrial. A quantidade de siderúrgicas impressiona pelo número de prédios e de fumaça, que tomam conta do céu da cidade em dias de chuva e muito frio.
Mesmo estando a anos-luz de distância da Terra, qualquer pessoa pode ser apaixonar perdidamente pelas estrelas, conhecê-las bem de pertinho e sem pagar caro. É só descobrir o universo dos planetários, instituições de ciência e cultura que promovem verdadeiros espetáculos de imagem, história e conhecimento em suas sessões de cúpula. A fascinação dos homens pela abóboda celeste vem desde os primórdios. "A astronomia lida com o desconhecido, com o universo e o início da vida. Isso mexe com o desejo e curiosidade das pessoas. A principal função dos planetários é colocar de forma mais acessível os conhecimentos dessa ciência milenar", explica o astrônomo André Luiz da Silva, pesquisador e divulgador científico do Planetário de São Paulo. Atualmente, cerca de 30 planetários fixos estão em funcionamento no país. O de Brasília será relançado em abril. A maioria é ligado a universidades ou fundações públicas, mas há também planetários privados. Independente do tipo, o passeio rumo às estrelas é imperdível.
Um céu de histórias e descobertas
Arquimedes e outros físicos da Grécia antiga já buscavam formas de representar as estrelas e seus movimentos. Na renascença, os nobres divertiam-se dentro de uma grande esfera onde viam o mapa estelar. Com o desenvolvimento técnico, os planetários foram se aperfeiçoando até chegar aos dias de hoje.O planetário, na verdade, é o projetor principal de um sistema de máquinas que reproduzem o céu de determinado período. O modelo mais comum é o opto-mecânico. Em um globo, a luz passa pelas perfurações ou fibras óticas, exibindo no domo - o teto em forma de esfera - pontos luminosos representando as estrelas. Junto ao planetário, projetores auxiliares representam planetas, satélites naturais como a lua, cometas, galáxias. Para mostrar o movimento dos corpos celestes, dispositivos elétricos (potenciômetros) acionam todos os projetores da engenhoca.Ao contrário de uma observação por telescópio, na qual se vê o céu no instante momento, o planetário permite visualizar o desenho do céu de qualquer época e localidade da Terra: de centenas de anos atrás ou dos próximos dez anos; o céu visto no hemisfério norte ou no sul. "Temos um conhecimento muito preciso do posicionamento de estrelas e planetas", explica o astrônomo Bruno Mendonça, da Fundação Planetário do Rio de Janeiro.Com muita matemática e astrofísica, mapas estelares de diversas épocas e períodos são organizados em catálogos e exibidos pelos planetários.Dispositivos opto -mecânicos exibem de cinco mil a 40 mil estrelas. Atualmente, modelos digitais também já estão no mercado, ampliando consideravelmente o número de corpos estelares exibidos e demais recursos, alguns com até dois milhões e meio de estrelas catalogadas.
Aprendendo com os astros
Galáxia reproduzida pelo telescópio Hubble
Para astrônomos e divulgadores científicos, não basta mostrar as estrelas. É necessário transformar o espetáculo visual em conhecimento. Nas sessões de cúpula, sempre um astrônomo está presente para explicar posições e/ou movimentos celestes. Algumas são apenas expositivas, mas a maioria conta com programas, verdadeiros filmes abordando os mais variados assuntos da astronomia, da formação do universo ao misterioso planeta Júpiter. Imagens, cenas de filmes, músicas, narração e personagens interagem com as diferentes constelações e céus projetados, juntando arte e conhecimento num show multimídia.Durante a semana, o principal público dos planetários são as escolas. Para auxiliar no aprendizado, os programas são adaptados para o conteúdo curricular de ciências. Já no sábado e domingo, as sessões tratam de temas mais complexos e aprofundados para o público de jovens e adultos. No planetário de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, há um programa que une astronomia com rock, utilizando estrelas e planetas para ilustar as músicas do álbum Dark side of Moon, do legendário grupo Pink Floyd. Uma verdadeira viagem. Educação e cultura não ficam apenas dentro do domo. A maioria dos planetários oferece cursos de astronomia para iniciantes, palestras, exposições, atividades infantis, excursões, acantonamentos, shows, observações em telescópios e lunetas. Confira abaixo os horários das sessões de cúpula abertas ao público e aproveite tudo o que esses espaços podem oferecer. Conheça alguns planetários das capitais brasileiras
São Paulo Planetário do IbirapueraAvenida Pedro Álvares Cabral, s/nº - IbirapueraTel: (11) 5575-5206Sessões: sábado, 15h, 17h e 19h; domingo, 14h, 16h e 18hIngresso: R$5 (inteira) e R$2,50 (meia)